A Frente Parlamentar Evangélica na Câmara vai encaminhar um requerimento ao Ministério Público Federal (MPF) para que o órgão investigue as causas da morte da criança indígena Tititu Suruwaha. A suspeita é de que a menina, que sofria de um problema hormonal congênito, tenha morrido devido à falta de medicamento que era repassado pela Fundação Nacional de Saúde (Funasa).
A presidente da organização não-governamental (ONG) Atini Voz pela Vida, que atua em aldeias indígenas, Márcia Suzuki, explicou que logo ao nascer, a criança indígena foi vítima de uma tradição de sua aldeia que costuma enterrar vivos os bebês que nascem com deficiência, o chamado infanticídio. Para não matar a filha, os pais de Tititu abandonaram a aldeia em busca de tratamento.
A criança nasceu pseudo-hermafrodita e com uma deficiência hormonal. Depois de a criança passar por cirurgia, os pais voltaram à aldeia, mas a menina precisaria tomar uma medicação por toda a vida. A Funasa ficou responsável por encaminhar a medicação à aldeia, que fica no sudeste do Amazonas.
O presidente da frente parlamentar, deputado João Campos (PSDB-GO), disse que é preciso identificar os responsáveis. "Se houver identificação de alguém que colaborou para a morte, a responsabilidade terá que ser determinada e o órgão público, a autoridade pública precisará responder por isso".
A Funasa informou está sendo elaborado um relatório de atendimento pela equipe que acompanhava a menina, mas ainda não há data de quando o documento estará pronto. A fundação informou ainda que Tititu tinha cuidados médicos desde que nasceu e que fazia exames periódicos em Manaus (AM).
Em um ato realizado hoje (11) na Câmara, parlamentares, representantes de ONGs que trabalham em aldeias indígenas e da sociedade civil cobraram do poder público medidas para evitar que os rituais de infanticídio ocorram nas aldeias.
De acordo com Márcia Suzuki, algumas etnias, como a Kuikuro, Kamayurá, Ikpeng, localizadas no Alto Xingu, em Mato Grosso, praticam o infanticídio. Uma das alternativas para evitar que as mães com bebês deficientes tenham que matar os filhos é promover a realização de exames pré-natal.
"Com isso, poderíamos evitar que as mães passem por esse problema. Se fosse identificado problema com o feto, se ele não puder ser curado ainda na gestação, a mão sairia da aldeia para ter seu filho", argumentou Márcia.
Ela acrescentou que o infanticídio é praticado também em caso de nascimento de gêmeos.
Un servicio de la Organización Internacional Intersexual
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