Nem um, nem outro

2/2/2009
Novela apresenta pintosa figura hindu que não é homem nem mulher
Por Hélio Filho


No capítulo do último sábado, 3, da novela global “Caminho das Índias”, uma figura da tradição hindu que tem tudo a ver com a diversidade sexual foi apresentada aos telespectadores brasileiros: os “hijras”, palavra que significa “nem homem, nem mulher”. Em seu blog, a autora Glória Perez se mostra cada vez mais interessada nos mistérios da Índia e seu milenar hinduísmo e explica que essas figuras são “um terceiro sexo cuja existência é cercada de mistérios”. Hijras são transgêneros e intersexuais MtF (Male to Female, "de Homem para Mulher", em português) da Índia, do Paquistão e de Bangladesh.

Na cena em que aparecem os hijras, o personagem Shankar (Lima Duarte) anda pelas ruas com uma das crianças de sua casa e passa por um grupo de hijras e lhes dá dinheiro. A menina pergunta porque ele deu o dinheiro e Shankar responde que nunca se deve negar nada a um hijra porque eles têm o poder de abençoar e de amaldiçoar casamentos e batizados.

“Ninguém conhece muito bem seus rituais (quem incluem a castração). Vivem em pequenas comunidades, vestem-se como mulheres e, segundo conta sua história, podem abençoar ou amaldiçoar um nascimento ou um casamento. Quando eles chegam, com festa e música, a um evento, querem retribuição, prendas, pagamento. E ai de quem não colaborar! Recebe uma praga que promete durar muitas gerações!”, esclarece a autora.

O hinduísmo tem uma longa tradição de aceitar a homossexualidade e até de celebrá-la em seus templos. Alguns deuses eram, inclusive, homossexuais. Os hijhras formam uma casta e alguns deles já ocupam cargos públicos. Eles também são contratados por financeiras para executar cobranças: costumam ir em dupla, e os devedores, atemorizados com os escândalos que eles são capazes de promover, acabam pagando rapidamente o que devem.

Sua origem não é oficialmente conhecida, mas sabe-se que pais de bebês hermafroditas costumam dar seus filhos para serem criados pelos hijras. Travestis operadas também fazem parte da casta. A homossexualidade só passou a ser mal-vista na Índia após a dominação inglesa, que começou oficialmente em 1857.

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Fuente

Un servicio de la
Organización Internacional Intersexual